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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Super Humanos?

Superfortões 

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Por US$ 149, você descobre se tem o gene dos musculosos
Você consegue imaginar que um bebê seja capaz de ficar de pé apenas dois dias depois de seu nascimento? Pois Liam Hoekstra, nascido em 2005 e adotado por uma família de Michigan, nos Estados Unidos, conseguiu realizar tal façanha. O organismo de Liam produz níveis normais de miostatina, mas especialistas acreditam que uma falha em seus receptores impeça que ela aja normalmente nas células musculares. O resultado é um corpo com 40% a mais de músculos do que o normal e muita força. Com menos de 6 meses de vida, ele conseguia fazer um movimento chamado cruz de ferro ¿ exercício de ginástica artística em que o ginasta ergue o corpo com os braços estendidos para o lado. Aos 3 anos de idade, apesar de pesar 17 quilos, levantava halteres de 2 quilos em cada braço.
Nascer com esta mutação seria o sonho de qualquer atleta. Por causa disso, já existem empresas que dizem prestar um serviço para descobrir se a pessoa tem ou não este ¿dom¿. Por US$ 149, uma clínica nos Estados Unidos promete fazer uma análise do material genético para saber se o indivíduo tem o gene ACTN3, que é associado à presença de uma proteína que aumentaria o desenvolvimento de músculos.

Homem iPod

Superpoder: Memória fora do comum para música
Utilidade: Dispensar partituras e métodos tradicionais para reproduzir músicas ao piano
Frequência: 5% dos autistas

Quem vê Derek Paravicini comendo, meio que desajeitadamente e com certa dificuldade, um prato de frango ao curry em um restaurante tailandês não é capaz de imaginar a tamanha habilidade que ele tem com as mãos. Nascido prematuro, com apenas 26 semanas de gestação – quando o normal são 40 -, Derek, que tinha menos de 1 quilo, foi o sobrevivente de um casal de gêmeos que veio ao mundo no hospital Royal Berks, em Londres, em 1979.
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O nascimento prematuro o fez precisar de um tratamento que desregulou o nível de oxigênio em seu sangue, fazendo com que alguns vasos sanguíneos crescessem mais do que o normal e danificassem sua retina, causando a cegueira. Também pela falta de oxigenação no cérebro, sua capacidade de aprendizado foi afetada, provocando dificuldades no desenvolvimento da linguagem e de estabelecer relacionamentos com outras pessoas. Derek é autista. Ao conversar com as pessoas, repete boa parte do que escuta, transformando qualquer pergunta em afirmação.

Mas sua habilidade de reproduzir o que ouve não se limita apenas às palavras – e se não fosse por isso provavelmente ele seria apenas mais um mortal. O que o torna um super-humano é a capacidade que o inglês tem de tocar em seu piano qualquer música que escutar.
Derek é pianista. E dos bons. Além de não poder enxergar e, portanto, toca sem ter acesso às notas musicais, ele é capaz de repetir no instrumento qualquer música que ouvir. Mesmo que seja pela primeira vez. “Ele ouve e reproduz. Seu nascimento prematuro de alguma forma fez o seu cérebro funcionar de uma maneira particular em relação aos sons”, diz o professor particular Adam Ockelford, diretor do Centro de Música Aplicada da Universidade de Roehampton, em Londres, e autor da biografia In The Key of Genius – The Extraordinary Life of Derek Paravicini (Na Afinação do Gênio – A Vida Extraordinária de Derek Paravicini), sem tradução para o português.
Adam vem acompanhando o pianista desde que ele tinha 4 anos e meio de idade. O professor lecionava na escola de música para deficientes visuais Linden Lodge School, quando, em uma tarde, recebeu Derek para uma visita introdutória, que o empurrou do banco em frente ao piano para poder tocar Don¿t Cry for Me Argentina. Sua performance deixou o Adam atônito. “Pensei na hora: esse garoto precisa de uma atenção especial.” O menino tinha alguma intimidade com as teclas – em uma tentativa de acalmá-lo, sua babá lhe deu um pequeno órgão antigo do avô. Foi o suficiente para que ele começasse a coordenar o movimento das mãos e formar acordes. Pouco tempo depois, estava reproduzindo os hinos que ouvia na igreja que frequentava com sua família.
Mesmo assim, precisava de ajuda para se vestir e comer. Na biografia de Ockelford, seu pai relata que o garoto nasceu com menos de 1 quilo, teve morte clínica diagnosticada por duas ou três vezes e não conseguia aprender como as outras crianças. Como ele conseguia tocar tão bem era um verdadeiro mistério. Mesmo assim, passou a ter aulas diárias com Ockelford para desenvolver ainda mais seu dom – termo que ele mesmo usa para se referir ao seu talento. “Por meio da demonstração física e imitação, Derek foi aprendendo os fundamentos da técnica de tocar piano que eram necessários para ele avançar em seu talento”, diz o especialista.
Biblioteca musical

Desde então, não parou mais. Aos 9 anos de idade, apresentou seu primeiro grande concerto no Barbican Hall, em Londres, ao lado da Orquestra Filarmônica Real. Aos 14, conheceu Lady Diana durante a cerimônia de um prêmio infantil. Hoje, aos 32 anos de idade, já viajou para diversos países por causa de suas apresentações. A música permite que Derek tenha uma vida social muito boa. Ele já esteve em várias cidades da Inglaterra, dos Estados Unidos e em boa parte da Europa.No ano passado, tocou no Queen Elizabeth Hall durante um concerto com uma peça de piano feita exclusivamente para ele pelo compositor Matthew King. O concerto foi inspirado em Gershwin, o músico favorito de Derek.

Nosso super-herói já tocou o equivalente a mais de 10 mil horas de piano. Seus gêneros preferidos são jazz e pop. Apesar de não ter registro da sua mais longa performance com o instrumento – afinal, é possível tocar uma música só por horas e horas -, ano passado Derek realizou mais um feito incrível. “Ele aprendeu uma peça com 11 mil notas em 100 horas de prática. Tudo isso apenas ouvindo. E hoje consegue reproduzir a mesma peça se você pedir que assim ele faça”, diz Ockelford. Por esta razão, o inglês é considerado um iPod humano. “Ele lembra músicas que tocou há anos e reproduz perfeitamente. É como se houvesse milhares de sons em sua cabeça. E ele não só repete o que ouve como também é capaz de improvisar. Sinceramente, não preciso ensiná-lo mais e isso é ótimo. É só deixar que ele sente em frente ao piano e faça o que tem de fazer”, afirma o mentor do pianista super-herói.
Apesar de todo seu talento, Derek mal consegue distinguir o lado direito do esquerdo e, por precisar de ajuda com tarefas básicas, como comer e se vestir, vive em uma residência para cegos mantida por uma instituição britânica. Como ele pode ser, então, tão especial em frente ao teclado de um piano?
A psicóloga Linda Pirng, chefe do Departamento de Psicologia da Universidade de Goldsmiths, em Londres, tem acompanhado Derek por mais de 15 anos. Segundo ela, a habilidade de seu paciente está ligada à síndrome de Savant – uma espécie de “efeito colateral” do autismo. A síndrome faz com que uma pessoa portadora de desordem mental apresente determinada habilidade fora do comum – o que, no caso do pianista inglês, seria a facilidade em tocar piano e memorizar canções. “Cerca de 5% das pessoas autistas têm algum tipo de talento, alguma habilidade incrível.” Mas ainda assim, para Lisa, o que Derek é capaz de fazer está acima de qualquer justificativa dada pela ciência. “Mesmo que ele esteja incluído nessa porcentagem, diria que Derek é um em 1 milhão. Ninguém é como ele.”
Assim como gosta de tocar piano, outra característica peculiar de Derek é gostar de ser aplaudido pelo seu público – não importa a quantidade de pessoas. Mas isso não significa que ele esteja apenas querendo chamar a atenção. Segundo a psicóloga, é que assim ele sente que pode se comunicar com as pessoas.
Artistas e autistas 
Figurões como Michelângelo e Einstein teriam uma forma branda de autismo
Dificuldades de socialização, comunicação e aprendizado características da síndrome de Asperger – uma forma branda de autismo – não foram um impedimento para que grandes mentes se desenvolvessem e influenciassem a história da humanidade. Portadores dessa síndrome, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), possuem menos sintomas do que um quadro completo de autismo e têm uma inteligência acima da média. Um sintoma típico é o foco restrito a um tipo de atividade ou interesse. Isso poderia explicar a genialidade de Albert Einstein, que gostava mais de brincar sozinho, só começou a falar aos 3 anos e até os 7 repetia frases para si mesmo. Para o Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge, a hipótese é de que não só Einstein mas também Newton sofria da doença. O pintor renascentista Michelangelo também teria sido portador da síndrome, segundo um estudo feito na Trinity College, na Irlanda. No documento, os pesquisadores descrevem o artista como solitário e voltado na maior parte do tempo para sua própria realidade. Além disso, os autores lembram que, no início do século passado, foram identificadas patologias como depressão, esquizofrenia e traços de paranoia.

Superfaquir
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Superpoder: Ficar sem comer nem beber
Utilidade: Manter a forma e economizar um bocado na conta do supermercado
Frequência: Outras 200 pessoas vivem sem comida. No entanto, nenhuma vive sem água.
Para o indiano Prahladbhai Jani, não tem comida ruim. Nem boa. Ele está com 84 anos e diz que não come desde os 11. Isso mesmo: ele garante que faz 73 anos que não coloca nada na boca. Nem ao menos uma gota de água. Aliás, ele não se lembra do que comeu pela última vez. E ainda assim mantém a saúde física e mental em perfeito estado.

Jani afirma que saiu de casa aos 7 anos e ficou vagando nas florestas de Narmada, na Índia. Aos 11, diz ter tido uma experiência sobrenatural e virou seguidor da deusa hindu Amba. Para homenageá-la, ele se veste com uma túnica vermelha (típica de mulheres devotas), pulseiras, anel no nariz e flores nas longas madeixas. Em troca, a deusa Amba o sustenta com uma gosma invisível que “surge” do céu da boca. Uma espécie de elixir da longa vida. Jani passou os últimos 40 anos meditando numa caverna do estado indiano de Gujarat. Lá ele é conhecido como Mataji (“Mãe”), numa alusão à sua deusa protetora.
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Bem, você dirá, isso é o que ele conta. Será verdade que o sujeito não come nem bebe há décadas? A história parece mesmo absurda, mas tem sido levada a sério por cientistas na Índia. Até o Exército do país investe em pesquisas sobre ele, pois sua capacidade de sobrevivência poderia ser usada nas situações em que faltam água e alimentos. Em 2003, o neurologista indiano Sudhir Shah liderou o primeiro grande estudo sobre Jani. O grupo contava com 23 médicos, entre eles radiologistas, cirurgiões, patologistas, psiquiatras, cardiologistas e urologistas. Jani foi internado por 10 dias no Hospital Sterling, na cidade de Ahmedabad, com monitoramento absoluto. O quarto tinha porta de vidro e câmeras ligadas 24 horas para garantir que ele não consumiria nada. O banheiro foi lacrado – afinal, Jani também assegurava que não fazia xixi nem cocô.

O eremita aceitou se submeter aos exames desde que não sofresse nenhum procedimento invasivo. Topou para o bem da humanidade, mas sobretudo para o bem dos soldados indianos, já que a pesquisa foi bancada pelo Instituto de Defesa de Fisiologia e Ciências Afins (Dipas). Se os parâmetros médicos piorassem, o estudo seria cancelado imediatamente. Não foi preciso.
Os resultados das análises clínicas foram normais para um homem da idade do indiano. Todos os sentidos de Jani funcionavam bem. Só foi detectada uma ligeira perda da audição, disse Shah a SUPER. O pulso do indiano permaneceu em 42-46/minuto, como se o corpo entrasse em um processo de hibernação. A pressão arterial ficou em 114/80 mmHg, dentro dos parâmetros normais. O comportamento e a cognição tampouco mostraram alteração. O peso caiu um pouco, mas logo se estabilizou. O ultrassom mostrou que havia acúmulo de urina, só que em poucas horas o volume do líquido diminuía sozinho. De alguma maneira, o xixi era reabsorvido na bexiga.
Foi uma surpresa para toda a equipe médica, diz Shah. “Não sabemos se o fenômeno pode se dar em outros seres humanos por meio da ioga, que Jani pratica, ou pela engenharia genética.” Na época, Shah deixou claro que só confirmou o fenômeno para os 10 dias do estudo. Nada podia dizer, portanto, sobre as décadas de abstinência completa alegadas por Jani. É certo que jejuns são uma prática habitual entre muitos hindus. O líder Mahatma Gandhi, por exemplo, costumava ficar dias sem comer para evocar a resistência não violenta contra os ingleses. Muitos ermitãos garantem que se privam de alimentos por meses. O caso de Jani é mais intrigante: os cientistas realmente comprovaram que ele não ingeriu nada nem foi ao banheiro por 10 dias. E sua saúde continuou 100%. Ainda assim, Shah achou que pouco. E resolveu fazer um novo estudo.
O segundo tira-teima

Em abril de 2010, Shah e sua equipe voltaram a monitorar Jani no hospital. Desta vez, o eremita ficou 15 dias sem ingerir nada nem ir ao banheiro. O único contato que teve com líquidos foi na hora fazer gargarejos com flúor e tomar banho, isso só a partir do quinto dia de estudo. Resultado: novamente, sua saúde continuou perfeita. Jani inclusive deu uma entrevista coletiva antes de voltar à caverna onde vive. “Estou forte e saudável porque é assim que Deus quer que eu esteja”, disse ele aos jornalistas.

Para Shah, existe de fato algo único no eremita. “Definitivamente, ele tem uma capacidade extra”, afirma. “Sabemos que é possível sobreviver sem comida durante alguns dias. Há pessoas que sobrevivem até meses sem comer. No entanto, ficar sem água nem alimento é extremamente difícil, mesmo num período de 3, 5, até 19 dias.” Quando uma pessoa fica sem comer absolutamente nada por muitos dias, ela perde seu peso rapidamente. Primeiro, o corpo utiliza as reservas de carboidratos. Depois, queima proteínas e, por fim, as gorduras. O faquir eventual se torna letárgico e irritadiço. Normalmente, com o prolongamento do jejum, o raciocínio e os parâmetros vitais começam a falhar. Num prazo de 8 a 10 semanas nessas condições, segundo Shah, a própria vida fica ameaçada. Sem água, é diferente: a falta de hidratação pode levar à morte em questão de poucos dias.
Mesmo admitindo uma espécie de superpoder, Shah reconhece que não chegou a nenhuma conclusão sobre o fenômeno de Jani. Estamos longe de saber a chave do enigma. Afinal, como Jani mantém a hidratação sem tomar água? Como seu corpo elimina os resíduos do metabolismo? “A ciência ainda não conhece as respostas corretas para tantas perguntas nessa área”, diz Shah. Enquanto Jani viver, porém, novos estudos devem vir por aí para tentar decifrá-lo.
O homem que ficou 411 dias sem comer
Indiano afirma que se alimentou de sol e água quente durante o jejum

Sol e água fervida. Isso é tudo o que o indiano Hira Ratan Manek precisa quando resolve ficar meses sem comer. Seu jejum mais longo durou 411 dias (entre 1º de janeiro de 2000 e 14 de fevereiro de 2001). Manek perdeu 19 quilos no início, mas depois o peso estabilizou. A frequência respiratória caiu de 18 para 10 por minuto. E os batimentos cardíacos ficaram mais lentos. Fora isso, nada mudou. ¿Não houve nenhuma outra anormalidade médica. Até mesmo o cérebro e as capacidades mentais permaneceram normais¿, diz o médico Sudhir Shah. No 401º dia do jejum, Manek escalou a montanha Shatrunjaya, situada a 591 metros de altura. Subiu até lá para frequentar tem- plos do jainismo, uma das religiões mais populares da Índia. Hoje, aos 75 anos, Manek diz que absorve energia olhando para o sol.
Como acontece o jejum 
Quatro fatores explicariam a capacidade de viver sem água nem comida 
Síndrome da adaptação crônica
Assim como nos adaptamos melhor ao “estresse crônico” (moderado e diário) do que ao “estresse agudo” (um trauma, por exemplo), Jani teria se adaptado ao “jejum crônico” (mais de 30 dias) de uma forma diferente do que faria com o “jejum agudo” (de 3 a 15 dias). Resumindo: seria um tipo de hibernação. No jejum curto, o corpo queima carboidratos e depois gordura, e assim vai obtendo calorias. A pessoa perde peso e as funções físicas e mentais se deterioram. Já na adaptação crônica, as necessidades caem a quase zero. O centro da fome é deprimido, e a sensação de saciedade, ativada.

Recepção de energia solar
Mesmo que o indivíduo precise de pouca energia para viver, ela tem que vir de algum lugar. No caso de Jani, a energia só pode ser captada dos objetos e seres que o rodeiam: Sol, terra, água, plantas, pessoas e animais. São as chamadas “fontes cósmicas” de energia. O Sol, claro, é a mais poderosa. Jani teria se transformado numa espécie de forno solar, com verdadeiras baterias solares ativadas em seu corpo. Os principais receptores de energia seriam o cérebro, a retina e a glândula pineal – que interfere na produção de hormônios.

Reciclagem de energia
Náufragos e vítimas de calamidades aprendem a utilizar energia de forma mais eficiente. Muitos passam dias ou até semanas sem comida, e seus órgãos se viram para gastar menos calorias. Com o jejum prolongado, pode acontecer o mesmo. A diferença é que Jani poderia também reciclar a energia dentro do corpo. O mecanismo seria bastante complexo e envolveria os órgãos dos sistemas nervoso e hormonal.

Predisposição genética
Jani possui um código genético diferente. Isso explicaria por que ele conseguiria captar, estocar, transformar e reciclar a energia do sol. Para ser checada, essa hipótese demanda estudos genéticos com um grupo-controle. Os médicos indianos que o examinam vislumbram a possibilidade de clonar suas células para utilizá-las em futuros tratamentos. Seu poder genético solucionaria o flagelo da desnutrição, por exemplo.

Punhos de aço

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Super Soco
O soco de uma polegada do monge é mais potente que um carro batendo a 50 km/h
Superpoder – O soco mais potente do mundo
Utilidade – Quebrar ossos e até causar paradas cardíacas em inimigos com apenas um soco
Frequência – 1/1.000.000

Com 48 anos e 1,60 m, o chinês Shi Yan Ming precisa de menos de 3 centímetros para quebrar os ossos, deformar o rosto ou causar uma parada cardíaca em seu oponente. Nessa distância, ele consegue obter velocidade e força suficientes para dar um soco que teria o mesmo impacto de um carro batendo a 50 quilômetros por hora. Quem vê esse pequeno chinês caminhando pelas ruas de Nova York com roupas ocidentais não imagina que se trate de um monge guerreiro do famoso Templo de Shaolin, no nordeste da China. E muito menos que o soco produzido por ele seja considerado um dos mais mortais de todo o mundo.

“Eu me preparei a vida inteira para os grandes perigos de Nova York”, diz Shi Yan Ming a SUPER. “Mas, desde que cheguei aqui, nunca tive oportunidade de viver o meu momento de herói. Nada de ruim aconteceu perto de mim”, afirma.
Apesar da falta de ação pelas ruas da cidade americana, o monge guerreiro não tem do que reclamar. A história da sua vida parece um filme de Bruce Lee, o ator que disseminou a paixão pelas artes marciais nos filmes de Hollywood.
Ming nasceu no dia do ano-novo chinês em 1964, o ano do Dragão, um sinal de sorte na cultura asiática. Mas, ao completar 2 anos, o garoto ficou muito doente, e nenhum médico da região conseguiu descobrir qual era o problema. Depois de gastarem quase todo o dinheiro que tinham em dezenas de tratamentos que não surtiram resultado, seus pais já estavam preparados para o pior. Um dia o garoto amanheceu com o corpo todo frio e sem abrir os olhos. O casal, desesperado com a suposta morte do pequeno, decidiu enrolar o filho num cobertor para leva-lo até a floresta, onde o enterrariam, pois não tinham dinheiro suficiente para pagar um funeral.
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Enquanto caminhavam, os pais do menino foram interrompidos por um curandeiro, que quis examiná-lo ali mesmo, no meio da estrada. Sem muitas esperanças, o casal deixou que o homem aplicasse agulhas de acupuntura no corpo de Ming. Depois disso, sem nenhuma explicação, o garoto melhorou. E, quando completou 5 anos, seus pais decidiram levá-lo ao Templo de Shaolin com a esperança de que os monges guerreiros o educassem. Como era o meio da Revolução Cultural, e Mao Tsé-Tung havia proibido toda e qualquer religião, nenhum dos monges usavam roupas budistas laranja e longas barbas brancas, como se vê nos filmes. Na realidade, o templo estava um pouco destruído e o exército de Mao saqueava seguidamente, diz Ming.

Mesmo assim, o monge chefe do templo, Shi Xing Zheng, o aceitou. “Não tive que demonstrar conhecimento algum, nem mesmo de kung fu. Assim que o mestre colocou os olhos em mim, ele viu que eu seria um bom guerreiro”, diz. Naquele período, o templo abrigava somente 17 monges, a maior parte deles com mais de 70 anos. O grupo aceitou Shi Yan Ming e passou a ensinar a ele kung fu e acupuntura diariamente.
A vida corria no templo chinês de um jeito muito semelhante ao treinamento dado à personagem de Uma Thurman no filme Kill Bill, de Quentin Tarantino. Ming era obrigado a levantar da tábua onde dormia às 4h30 para treinar kung fu. Às 6h30, os monges tomavam café da manhã, normalmente queijo do tipo tofu e verduras, e às 8h30 voltavam a treinar. Eles só faziam pausas para meditar e almoçar às 11h30, e, para jantar, às 17h30. O resto do tempo dos monges era exclusivamente dedicado aos ensinamentos e treinos
Como estudante no Templo de Shaolin, Ming aprendeu lições básicas, como destruir tijolos com golpes de cabeça, entortar lâminas de ferro com as próprias mãos, dormir pendurado em uma árvore de cabeça para baixo e carregar pedras de até 25 quilos – não nas mãos, mas penduradas em seus testículos -, tudo em busca da força, do equilíbrio e do autocontrole. Quando Ming foi aos Estados Unidos, em 1992, com um grupo de monges para fazer apresentações sobre a arte do kung fu, decidiu ficar por lá. Assim, o homem com punhos de aço se transformou no primeiro monge guerreiro da história do templo chinês a desertar. “Eu sou extremamente grato aos meus mestres, mas chegou um momento em que senti que fazia mais sentido para mim dividir esses ensinamentos com outras pessoas do que continuar confinado no templo”, diz.
Assim que se estabeleceu nos Estados Unidos, Shi Yan Ming abriu uma escola de kung fu na região do SoHo, em Nova York, e depois do sucesso em terras americanas, anos depois, uma filial em Viena, na Áustria. Apesar de ter centenas de alunos espalhados pelo mundo, nenhum deles até hoje conseguiu superar o mestre na lição do soco. Mas o que ele tem de tão especial? O murro do chinês é uma espécie de versão avançada do soco de uma polegada, famoso golpe dos filmes de Bruce Lee. Para realizá-lo, o lutador precisa estar bem próximo de seu alvo – menos de 3 centímetros de distância ­- para atingir a força e a velocidade necessárias para o impacto do soco. O movimento dura menos de um segundo, mas o resultado é explosivo.
Porrada de 400 quilos
A professora de bioengenharia da Universidade de Detroit, Cynthia Bir, é especializada em medir o impacto da força em acidentes de carro. Ela trabalha com as fabricantes americanas na realização de testes que verificam se os veículos são seguros para os passageiros. Dois anos atrás, Cynthia teve a oportunidade de medir a força da porrada de Shi Yan Ming. “O soco dele tem uma força de quase 400 quilos. É uma força semelhante aos socos dos lutadores de boxe, porém Ming a produz com muito menos espaço e menos tempo. O braço dele atinge uma velocidade extremamente alta em menos da metade de um segundo”, diz. Cynthia explica que o soco de Ming é 1,7 vez mais forte que o impacto de um acidente de carro a uma velocidade de 50 quilômetros por hora. “Eu nunca vi nada parecido em toda a minha vida”, afirma.

O fato de, até hoje, ninguém ter superado Shi Yan Ming não surpreende Scott Gordon, médico ortopedista diretor da Academia Americana de Ortopedia Cirúrgica. “Ming possui uma habilidade única, que foi formada com anos de treino e uma formação genética especial. Vai ser muito difícil encontrar outro ser humano com a mesma capacidade física, não importa o quanto ele se esforce e treine”, diz. Ming combina três fatores especiais que permitem que ele tenha o soco mais mortal do mundo: uma formação diferenciada de proteínas no corpo, seu controle neurológico também é mais rápido e, por fim, treino, muito treino – e desde menino.
Gordon estima que apenas uma pessoa em 1 milhão carregue uma dessas duas características inatas. Normalmente, são atletas muito bem sucedidos em sua carreira. Duas ao mesmo tempo é ainda mais raro. “Ming, além disso, teve a oportunidade de receber um treinamento extremamente específico e desde muito cedo. Tudo isso construiu um físico capaz de realizar o soco mais mortal do mundo, que é praticamente imbatível”, afirma o especialista.
Apesar das hipóteses, Shi Yan Ming não acredita nas explicações científicas. Para ele, o importante é encontrar o equilíbrio entre o corpo e a mente. “É a minha força interna, chamada chi, que me ajuda”, diz o monge guerreiro chinês.
As paredes da escola de kung fu estão cobertas de fotos de celebridades que treinam ali. A atriz Meg Ryan, a cantora Björk e o ator Wesley Snipes estão entre eles. O aluno mais jovem de Ming tem menos de 3 anos, e o mais velho, 97. Segundo o mestre, nunca é cedo ou tarde demais para começar a treinar kung fu. “Não é preciso iniciar quebrando tijolos com as mãos. O que importa não são os músculos, mas, sim, o equilíbrio. É aí que está o meu segredo”, afirma.
Genética e treino 
Uma combinação improvável é o segredo dos punhos de aço de Shi Yan Ming
Colágeno de sobra

formação das proteínas no corpo do monge guerreiro é diferente das pessoas normais. Ming tem uma concentração maior de uma substância chamada colágeno, aquele mesmo que mantém a pele firme. Isso significa que os músculos do homem com punhos de aço são mais fortes que os de uma pessoa normal. Isso amplia as possibilidades de o murro de Ming ser mais potente que o dos demais – similar apenas aos de lutadores de boxe campeões.

Nervos de aço

controle neurológico de Ming também é mais rápido, segundo o ortopedista Scott Gordon. O resultado é que a comunicação dos neurônios com os músculos do corpo, principalmente nos braços, é mais precisa e mais rápida. Por isso, o tempo de reação de Ming é menor, conseguindo adquirir mais velocidade em um espaço de tempo mais curto. Assim, naqueles 3 centímetros e menos de um segundo, ele consegue massacrar um inimigo com um só golpe.

Treino kill bill
Nem só do acaso surgiu a potência de Ming. Os 25 anos de treinamento pesado num templo de monges guerreiros foram um diferencial e tanto. Os ossos dos braço e das mãos do super-herói são mais fortes por terem sido exaustivamente forçados – inclusive quando ministra aulas ou faz apresentações. Quanto mais impacto e força uma pessoa coloca em seus ossos, mais maciços eles ficam. Ou seja, se a genética não foi generosa, treinando é possível chegar perto do herói.

Super-memória
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Superpoder: Nunca esquecer de nada
Utilidade: De encontrar as chaves do carro a lembrar de uma antiga briga.
Frequência: Rara

Foi aos 12 anos que a americana Jill Price percebeu que lembrava de rigorosamente tudo o que tinha acontecido naquele ano. Não eram memórias só do aniversário, do Natal ou das férias, mas de detalhes, inclusive como a data exata em que isso aconteceu – 30 de maio de 1978. “Sempre tive uma boa memória. Minha primeira lembrança é de quando eu tinha um ano e meio e estava no berço”, diz. Foi perto dos 20 anos que Jill passou a achar que lembrar de tudo – de notícias importantes a qualquer bobagem do dia a dia – era um fardo pesado demais. Mas aos 34 anos decidiu procurar ajuda, porque, segundo ela mesma, a memória estava controlando a sua vida – a americana sabia detalhes de todos os dias desde 1980. E foi fácil checar a veracidade da supermemória: em jornais da época e nos diários que Jill escrevia desde criança.
Foi procurando no Google (no dia 5 de março de 2000) pela palavra “memória” que a mulher que nunca esquece encontrou o cientista James Gaugh, da Universidade da Califórnia. O cientista e sua equipe resolveram se dedicar ao caso e desvendar a chave da memória de elefante de Jill. Embora não saibam explicar com certeza como acontece esse processo, que chamaram de síndrome hipertiméstica (do grego “se lembrar”), elaboraram algumas hipóteses. A partir de exames, descobriram que vinte áreas do cérebro da americana são maiores que a média, inclusive o córtex pré-frontal, responsável pela memória de longo prazo. Também foi constatada uma lateralização anômala, na prática uma mistura na divisão de tarefas entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro – uma característica ligada ao autismo, doença que Jill não tem.
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Embora pareça um dom e tanto lembrar-se de tudo, a americana, que tem depressão, avisa que não é tão bom assim. Mas torce que ao investigar o funcionamento da supermemória ajude outras pessoas. “Espero que encontrem a cura para doenças que levam as pessoas a perderem não só a memória, mas parte de suas vidas”, diz.
Rotina de treino

Você pode não conseguir lembrar de como foi o dia que sua mãe o amamentou pela primeira vez, mas mesmo humanos absolutamente normais podem desenvolver uma memória digna de Guiness Book. Um exemplo é Alberto Dell’Isola. Pergunte a ele que dia da semana foi 7 de fevereiro de 1812. Ele vai precisar de poucos segundos para responder: sexta-feira. O mesmo vale para qualquer data dos calendários gregoriano ou juliano, desde o século 1 até o século 30. Alberto também é capaz de memorizar uma sequência de 289 cartas de baralho em uma hora, o recorde sul-americano, e repetir o texto completo de uma revista de 128 páginas. Já se mostrou capaz de gravar rapidamente nomes e fisionomias de 20 pessoas que nunca tinha visto. E diz que tudo isso é resultado de muito treino, exclusivamente. “Eu tinha a pior memória do mundo. Era o cara mais esquecido da faculdade”, ele afirma. “Antes de treinar, eu frequentemente me esquecia de coisas triviais, como o local onde havia estacionado o meu carro e o nome das pessoas com as quais trabalhava.” Isso acabou em 2005, quando Alberto tinha 25 anos.
Nascido em Belo Horizonte, em 12 de janeiro de 1980 (um sábado, ele diz), era professor de matemática e programador de computadores. Na adolescência, aprendeu com um grupo de amigos a hackear o banco de dados de provedores de internet – ele vendia aos colegas de escola o acesso gratuito por R$ 15 e aplicava tudo em cartuchos de videogame. Mas foi só na faculdade de computação, quando fazia uma pesquisa para um trabalho sobre memórias de máquinas, que ele percebeu que queria ser atleta da mente.
Como Jill (lembra?), Alberto pesquisou “memory” no Google e encontrou um vídeo em que o campeão mundial de memória Dominic O’Brien demorava menos de um minuto para memorizar a sequência de cartas de um baralho inteiro. Ficou impressionado e decidiu que também conseguiria. “Comecei a testar vários métodos de memorização, li muitos livros sobre o assunto e acabei desenvolvendo os métodos que uso hoje.”
Nesse meio tempo, resolveu mudar de área e passou a cursar psicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Formado, tornou-se membro do Laboratório de Avaliação das Diferenças Individuais da instituição. Em 2009, venceu o Campeonato Brasileiro de Memorização. Desde então, já publicou três livros sobre técnicas para melhorar a capacidade de memorizar.
Alberto tem um QI 145, considerado acima da média. Só isso explica sua capacidade? Não. “A preparação constante ajuda muito, mas a pessoa precisa ter uma característica inata. A inteligência, a capacidade de realizar sinapses cerebrais com velocidade, ajuda bastante”, diz o psicólogo K. Anders Ericsson, professor da Universidade da Flórida. “Mas a verdade é que não sabemos exatamente que fatores influenciam a capacidade de memorizar, a não ser em casos de formação diferente do cérebro.” Como no caso de Jill.
Para manter o ritmo, Alberto treina muito. Antes de dormir, memoriza ao menos 200 números aleatórios – nas vésperas de competições, acelera o ritmo e decora 8 baralhos todas as noites.
O psicólogo diz que cada desafio exige um tipo diferente de preparação mental. Para assuntos que não domina nem gosta, como história, Alberto tenta criar relações emocionais com o evento. “Se eu lhe perguntar o que você estava fazendo quando soube da morte do Ayrton Senna ou da queda das Torres Gêmeas, você provavelmente irá se lembrar”, afirma.
Para não esquecer 
Quer dar uma boa melhorada na sua memória? O psicólogo Alberto Dell’Isola dá algumas dicas
 Nome e fisionomia Se você conhece alguém próximo com o mesmo nome, imagine essas duas pessoas interagindo. Mas, se não conhece ninguém com o mesmo nome, relacione a primeira sílaba com um objeto inusitado – para “Renato”, por exemplo, imagine-se dando a ele um remo.Lista de supermercado
Aqui vale a técnica do Palácio da Memória, usada na Grécia antiga. Imagine uma casa em que cada cômodo esteja cheio de produtos que você precisa comprar e liste cada um deles de uma forma inesperada: a cama, por exemplo, pode estar coberta de ovos quebrados. Outra técnica útil é decorar a quantidade de itens para cada categoria (carnes, frutas, produtos de limpeza etc.). Nada disso funcionou? Então memorize frases absurdas usando os produtos que precisa comprar. Por exemplo: “Fui fritar um bife, mas coloquei um ovo na frigideira, só que a panela caiu em cima do sabão e tive que comer tomate”. Quanto mais sem sentido, mais difícil de esquecer.
Conteúdo para vestibulares e concursos
Anote fórmulas matemáticas, por exemplo, em diferentes cartões de visita. Deixe-os no bolso e, ao longo do dia, volte a olhar para eles sempre que possível. Só não se esqueça de tirar os cartões na hora de lavar a roupa…Caminho
Se o taxista que você consultou indicou uma sequência interminável de “vire à direita” e “vire à esquerda , converta a instrução em números do relógio, tipo: 9-3-12-3-9 (esquerda, direita, siga em frente, direita, esquerda).Senha
O importante é criar padrões. Se for com letra, como as exigidas por alguns bancos, crie frases com as iniciais. Para senhas numéricas, faça uma frase memorável, e de preferência esquisita, com palavras com o mesmo número de letras da sílaba. “Um fantasma caiu à minha frente”, por exemplo, pode fazer lembrar da senha 294166.Remédio
Quem precisa tomar um medicamento todos os dias, para o resto da vida, dificilmente esquece. Mas, se você fez uma cirurgia e precisa de um remédio 3 vezes diariamente, apenas por algumas semanas, melhor relacionar os horários a algum hábito cotidiano – antes das refeições, por exemplo, ou na hora de dormir.Número de telefone
Escreva-o ou repita em voz alta. Outra alternativa é memorizar a imagem que os números formam juntos, como um X, um quadrado etc.

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